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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Pedagogia do afeto


O termo Pedagogia do Afeto foi criado para designar relações interpesssoais de afetividade em sala de aula e está fundamentada na Psicologia Transpessoal conhecida como a quarta força, oriunda dos estudos de Maslow, Sutich, Fadiman e Grof, muito embora Jung, tenha sido o pioneiro a considerar a dimensão espiritual do ser humano.
Nessa linha é que se fundamenta esse modelo de ensino voltado para o ser, pela necessidade de se pensar nas mudanças que ocorrem na contemporaneidade no que tange à educação dos indivíduos.
A própria Educação prioriza os aspectos cognitivos do aluno em detrimento de outros fatores também importantes para o processo educativo. Mello (2004.p.18) nos adverte de que “não dá para pensar apenas na cabeça do aluno, pois o coração também é importante.”
No século XXI a formação intelectual do aluno deve envolver também a sua formação emocional, ou então, corre-se o risco de enfatizar demais o cognitivo, formando indivíduos intelectualizados e desequilibrados emocionalmente. Os objetivos curriculares deverão contemplar equilíbrio emocional e competência profissional de modo que sejam lançados no mercado de trabalho seres humanos desejosos de melhor qualidade de vida.
Maturana (1999,p.15) define bem quando afirma que ”vivemos uma cultura na qual desvaloriza as emoções, e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional”.
O ambiente de sala de aula, este espaço físico onde convivem seres humanos desempenhando os papéis de professor e de alunos tanto pode ser alegre, agradável, realizador e gratificante, quanto pode ser gerador de ansiedade, estresse, insegurança ou aversão. Podemos considerar também que esse conjunto de fatores bons ou ruins, em grande parte, é decorrente das relações pessoais que se estabelecem entre os próprios alunos, ou entre os alunos e seus professores.
Como não se pode separar o pedagógico do humano, a qualidade de todo o processo de ensinar e de aprender, decorre do tipo de relações interpessoais que são mantidas em sala de aula. A Pedagogia do Afeto procura aplicar uma didática em sala de aula que possa permear de afetividade as relações docentes e discentes, de modo a melhorar a qualidade dos relacionamentos e a produtividade em sala de aula (França,2002).
Sabemos que o processo educativo envolve a demonstração de competências e habilidades e uma serie de exigências e de fatores extrínsecos ao ambiente de sala de aula, tanto no que se refere ao aluno quanto ao professor. Sabemos também que as variáveis que mais interferem na ausência de aprendizagem do aluno estão situadas na sala de aula permeando a atenção, a motivação e o interesse do aluno.
Essas variáveis existem no aspecto físico (iluminação, ambientação, recursos didáticos e mobiliários) como também no aspecto humano (atitude do professor, metodologia utilizada, interação professor - aluno, interação aluno - aluno, nível de atenção, entre outros). Por isso, é de fundamental importância estabelecer relações de segurança, de cooperação, de amizade e de prazer em estar com os outros.
Em geral em todo inicio de aula há a necessidade do professor direcionar a atenção dos alunos para a matéria daquele momento, para propor as atividades, porém nem sempre isso é possível quando se trabalha com crianças ou adolescentes que chegam com suas novidades e suas agitações tão próprias dessas fases de desenvolvimento.
Para se conseguir a atenção de todos “A pedagogia do Afeto” se utiliza de técnicas de respiração ritmada acompanhada ou não de música suave. Adota também técnicas de relaxamento, de meditação, de automassagem, de interação afetiva, de visualização criativa, de trocas energéticas e de outras dinâmicas que possam favorecer relacionamentos interpessoais afetivos, cooperativos e otimizados.
Para finalizar nos unimos a França (2002) quando afirma que a Pedagogia do Afeto pode complementar o trabalho da Psicopedagogia Preventiva, não só no seu objetivo de evitar dificuldades de aprendizagem, mas de otimizar relações humanas afetivas no ambiente escolar.

Por Maria Neusa dos Santos
Psicóloga

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